sábado, 31 de agosto de 2013

Trem regional: para entrar nos trilhos

Audiência em Bento acontece até novembro, com expectativa de que projeto seja encaminhado

Trem regional: para entrar nos trilhos
Ainda em 2013, deve ser dado mais um importante passo para que o Trem Regional ligando Bento Gonçalves a Caxias do Sul, passando por Garibaldi, Carlos Barbosa e Farroupilha, possa começar a finalmente entrar nos trilhos. Em novembro, provavelmente no dia 25, uma audiência pública será realizada no município, com a presença de representantes do Ministério dos Transportes, da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e do Laboratório de Transportes e Logística (LabTrans), responsável pelos estudos de viabilidade

O objetivo do encontro é aproximar a comunidade local da proposta de implantação de um novo modelo para o transporte de passageiros, que começou a ser rediscutida há pelo menos seis anos. Antes da audiência, no próximo dia 3 de setembro, em Brasília, ocorre uma nova reunião do Conselho Consultivo do Grupo de Trabalho Trens de Passageiros, do qual participa o secretário de Gestão Integrada e Mobilidade Urbana de Bento Gonçalves, Mauro Moro. Na oportunidade, o trecho serrano, considerado o mais adiantado, também deve voltar à pauta do debate.

A etapa posterior à audiência, entre o final deste ano e os primeiros meses de 2014, deve ser a mais significativa para que o empreendimento realmente avance. É nessa fase que a expectativa e a cobrança pela realização do projeto executivo deverão ser intensificadas. A principal possibilidade, segundo Moro, é a de que a ação seja encaminhada abrangendo também a conexão Londrina-Maringá, no Paraná, outra que está em estágio avançado. “Temos que começar por algum desses dois pontos, para mostrar que essa proposta tem credibilidade. Eu acredito que inicie pela Serra, ou talvez pelos dois juntos, o que também seria muito bom. O que posso garantir é que o nosso projeto é visto com bons olhos pelo governo”, afirma.

Estimativa de R$ 255 milhões

A primeira estimativa de custos para implantação do trem regional na Serra aponta para investimentos de mais de R$ 255 milhões. Iniciadas as obras, o prazo para conclusão deve ser de três anos.

Quatro estações e R$ 68 milhões

Caberá à administração municipal promover a interligação do modal de transporte coletivo já existente – ônibus urbanos – com o novo. De acordo com o secretário, a projeção é de que Bento Gonçalves tenha, no mínimo, quatro estações para os futuros passageiros do sistema ferroviário. Além de uma localizada próxima à única estrutura já existente, que continuaria sendo ocupada pelo trem turístico Maria Fumaça, outras três poderão ser instaladas em áreas como a região norte da cidade – contemplando o bairro São Roque e arredores –, as redondezas do Campus Universitário da Região dos Vinhedos (Carvi/UCS) e, por fim, a região próxima ao bairro Santo Antão.

A prefeitura já se cadastrou junto ao Ministério das Cidades, manifestando interesse em financiamentos que podem chegar a R$ 68 milhões para investimentos em adequações que permitam acolher o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) na zona urbana. Nesse montante, também já estaria incluída uma possível ligação com o distrito de Tuiuty, mas tudo ainda de forma incipiente. “Precisamos começar a pensar em mudar nosso perfil. O que faz uma cidade andar bem é o transporte coletivo”, argumenta Moro.

Detalhes da proposta

Duas possibilidades de traçado para o trem regional foram avaliadas nos estudos de viabilidade elaborados pelo LabTrans. A primeira prevê o uso da rota original, com 62,5 quilômetros e unindo as cinco cidades da Serra. Porém, como envolve, em sua maioria, curvas com raios menores a 200 metros, esta possibilidade não permitiria velocidade média superior a 30km/h, considerada baixa para os padrões atuais. Outro aspecto avaliado negativamente é o fato de não haver ligação direta entre os dois principais polos geradores de demanda, Bento e Caxias. Essa alternativa também exigiria construção de 16 viadutos rodoviários e a instalação de 55 cancelas automáticas e de 36 sinais sonoro-luminosos no trecho.

A segunda (e mais provável) opção trabalha com uma linha principal menor, de 45 quilômetros, unindo Bento e Caxias, e passando por Farroupilha. Em Bento, seriam construídos 33 novos quilômetros de malha ferroviária e aproveitados outros 12 da existente, seis em cada um dos dois maiores municípios. Garibaldi e Carlos Barbosa se conectariam ao sistema por meio de um ramal de integração. No total, neste cenário, contando este trecho secundário, seriam cerca de 58 quilômetros de trilhos. A estimativa de demanda diária para os dois roteiros também é um fator que pesa a favor desta última possibilidade. Segundo o levantamento, a previsão neste caso é de mais de 9,4 mil usuários por dia. Na situação anterior, seriam pouco mais de 2,4 mil. 

A empresa cearense Bom Sinal deve ser a fornecedora dos trens que circularão na Serra. O modelo mais cotado para ser adotado na região é o Móbile 2, que em cada composição de dois vagões poderia levar quase 400 passageiros. Ao todo, seriam colocadas em funcionamento 7 composições, além de outras duas para reserva e manutenções programadas.

O cálculo indica uma tarifa média de R$ 6 para viagens integrais – similar à que já é aplicada no transporte rodoviário. Os deslocamentos entre Bento e Caxias teriam duração entre uma hora e uma hora e meia no segundo cenário, tido como o mais viável.

Fonte: Jornal SerraNossa - Reportagem: Jorge Bronzato Jr.

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